Jovens de onze comunidades rurais de Santarém estão participando de encontros de multiplicação em territórios agroextrativistas. Ações fazem parte do Programa Vozes do Tapajós Combatendo as Mudanças Climáticas
As consequências das mudanças climáticas estão afetando drasticamente as populações tradicionais de territórios amazônicos. Quem depende da terra para realizar plantios de culturas locais e extrair produtos para subsistência está sofrendo com as alterações climáticas. Plantar e colher está cada vez mais difícil, relata a produtora rural e presidente do STTR-STM, vete Bastos: “Dependendo de como está o tempo, eu posso tirar uma touceira boa ou não. Ela pode ser macia ou inviável para tecer uma mandala, um chapéu… As mudanças climáticas estão aí pra todo mundo ver. Eu sou uma mulher produtora rural, que adora ir pra feira vender produtos orgânicos. Como será o amanhã pra ter vida nessa terra, pra se alimentar, para produzir?”.
Preocupado com o futuro da agricultura familiar, o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém, integrante da coalizão Vozes do Tapajós Combatendo as Mudanças Climáticas, iniciou jornada de oficinas de multiplicação sobres os temas Sindicalismo no Brasil, Sucessão Rural e Agenda Climática e Bem Viver nos Territórios.
O objetivo é promover o engajamento da juventude da base sindical da organização, por meio da formação de novas lideranças, especialmente jovens, e de estratégias de comunicação pautando o impacto das mudanças climáticas no contexto da agricultura Familiar e no futuro dos territórios.
Até o momento, as atividades alcançaram onze comunidades e envolveram 65 jovens. No dia 15 de abril as discussões aconteceram no Centro de Formação e Treinamento Agrícola Francisco Roque e envolveram comunidades Rosário, Tucumatuba, Murui, Serra Grande, Laranjal, Nova Sociedade, Bacurizinho e Peré Salvação das regiões Arapiuns, Lago Grande, Ituqui, Eixo Forte, Arapixuna e Tapajós.
“Foi muito importante pra gente, pra levar pro sítio e onde a gente for sobre a sucessão rural que é essa questão que vai repassando de geração pra geração” – Arlisson Ferreira, comunidade Rosário.
“Foi uma oficina com bastante participação e destacaram as mudanças climáticas que nos afetam muito. Com a seca e cheia afetou muito a nossa alimentação” – Ivaneide Almeida, comunidade Rosário.
Em 15 de maio, a formação aconteceu na Comunidade Murui com a participação de 22 jovens (11 mulheres e 11 homens) das comunidades Peré Salvação, Murui e Jacarezinho. No dia 04 de junho, a Comunidade de Nossa Senhora do Rosário – Tapajós recebeu a terceira oficina, reunindo 25 jovens e adultos (13 mulheres e 12 homens) das comunidades de Rosário, Pau da Letra e Boim.
Para o coordenador do Projeto Saúde e Alegria e da coalizão VAC Tapajós, as formações cumprem um papel fundamental de fortalecimento e empoderamento da juventude. Uma estratégia importante para buscar soluções para mitigação das mudanças climáticas. “Essas populações que estão no seu dia a dia numa relação mais direta com a natureza, defendendo a floresta a custo das suas próprias vidas para proteger essa riqueza para o bem da humanidade são as mais afetadas pelas injustiças climáticas. Por isso o programa VAC entende que apoiar essas iniciativas é fundamental”, destaca.